Seu nome é David Rice, e ele nasceu com uma estranha habilidade: pode se teleportar de um lugar para o outro com a maior facilidade. Mesmo que esses lugares sejam o Coliseu, as pirâmides do Egito ou o centro iluminado e nevrálgico de Tóquio.
Abandonado pela mãe aos cinco anos de idade, convivendo com um pai opressor e de pouco sucesso na vida, David descobriu o lado bom de seus estranhos poderes: a facilidade de invadir cofres bancários e acumular riquezas. Seu extraordinário apartamento em Nova Iorque (a produção de arte castiga: todos os detalhes são impressionantes, de matar os ripadinhos de inveja!) é o melhor retrato de como ele emprega os tufos de dinheiro acumulados na cama de seu antigo quarto, na casa de sue pai.
O que David não esperava era a existência dos "Paladinos", grupo de caçadores de jumpers que utilizam redes de corrente elétrica como única fonte de poder capaz de neutralizar os poderes de teleporte. Uma implacável perseguição começa, e os quatro cantos do mundo podem ser o cenário desse corre-corre.
Estamos falando, é claro, do blockbuster-mor do momento: a coqueluche cinematográfica chamada Jumper.
Embarcando fundo nessa teoria, o diretor Doug Liman (Sr & Sra Smith e A Identidade Bourne) trabalha um roteiro eletrizante, assinado a três mãos por experts que incluem em sua filmografia clássicos de ação como Clube da Luta, Batman Begins, X-Men 3 e Sr & Sra Smith.
Ufa!
É adrenalina até dizer chega!
O protagonista é vivido intensamente por Hayden Christensen, e transcende o lugar comum dos heróis deslumbrados ou moralistas. Já começa que é um ladrão de banco. E ainda sofre na pele as dores da rejeição materna, da paixão juvenil (a bela Rachel Bilson esbanja charme como a mocinha da trama) e dos conflitos existenciais.
A interpretação do ator é convincente, intensa. Ele em momento algum se deixa levar pela despretensão do sci-fi ou pela relativa futilidade do tema. Seu David Rice é emblemático, soturno, contemplativo e angustiado. Um misto de herói, anti-herói e personagem existencialista que convence e comove. Vale conferir!
O trabalho do diretor Liman parece, aliás, fadado a fortalecer a composição dos persnagens. O paladino Rolland, interpretado por Samuel L. Jackson, pode parecer um personagem coadjuvante pouco expressivo para um ator de seu porte, mas é igualmente convincente e impressionante. Jackson criou uma expressão e um olhar absolutamente assustadores, e fez de seu Rolland aquele típico vilão que ameaça e revolta a platéia em doses proporcionais. É um dos trunfos do filme, e também não passa em branco.
Jamie Bell também brilha como Griffin, o outro jovem com poderes de teletransporte. A segurança e a objetividade de seu personagem em conviver e dominar os poderes de teletransporte, em contraponto com as inseguranças e crises existenciais de David, são muito bem marcadas. Tanto na direção quanto no roteiro e na atuação dos atores. Jamie também compõe seu personagem com méritos além do esperado.
As imagens do filme (a fotografia) são lindas, as viagens são inspiradísismas, os figurinos e cenários são todos de alto nível.
Se você curte cinemão estrondoso, ação, efeitos especiais na medida certa (funcionais e muito bem feitos), encare esse Jumper!
Mas vá preparado: você vai tremer na poltrona! E não vai ter vontade nenhuma de se teletransportar dali antes que o filme acabe!